Como e quando nasce um cronista? Não sei ao certo, mas posso tentar explicar pela minha própria trajetória. Com a minha função profissional de professora coordenadora da rede estadual de São Paulo, tive que recorrer a todo o meu acervo literário para fazer as "leituras de deleite" nas reuniões coletivas, mas queria fazê-lo de uma maneira que envolvesse as professoras e se tornasse um momento prazeroso, numa rotina tão desgastante a que muitas estão submetidas. Pois bem, vieram parar em minhas mãos livros de Walcyr Carrasco, Antônio Prata, Luís Fernando Veríssimo, Marcos Rey e Martha Medeiros. Leitura engraçadas, leves, que mostram um cotidiano que em alguns momentos nos identificamos.
Muito bem, com tanta inspiração, "caiu no meu colo" uma história que quero tornar uma crônica.
As redes sociais nos pregam peças engraçadas, nos colocam em situações inusitadas.
No final do ano, uma professora me emprestou um livro que comprou em 2010, da autora Maria de Fátima Russo. Agradeci a professora, e fiquei com o livro para ler, mas em princípio, não dei muita importância, pois acreditei que era mais um livro com sugestões de atividades sem contexto, uma daquelas coleções que vivem nas escolas nos oferecendo.
Nas férias, decidi pegar o tal livro e me surpreendi com a riqueza do referencial teórico, muito bem escrito e fundamentado. Fiz um resumo, que aliás pretendo postar aqui no blog e, não sei ao certo a razão da minha curiosidade, decidi procurar a autora no Facebook. Às vezes faço isso, pessoas que considero "interessantes" costumo procurar no Facebook. Me interesso por autores de livros, que antes eram pessoas tão inatingíveis, hoje se aproximam mais do seu público.
Qual não foi a minha surpresa ao ver que tínhamos uma amiga em comum, uma moradora do meu condomínio e cheguei a duvidar que fosse a mesma pessoa. Em seu perfil, vasculhei informações que me trouxessem a certeza de que se tratava da autora da obra que me encantou, de uma pedagoga. Achei estranho o fato dela residir em Petrópolis. O perfil estava atualizado e, então, deveria ser a mesma pessoa.
De qualquer forma, decidi enviar uma mensagem agradecendo pelas contribuições e solicitando autorização para publicar o resumo, pois sei que ajudaria muito mais professores alfabetizadores.
No dia seguinte, ao retornar do trabalho, encontrei a tal "amiga em comum" e, evidente, perguntei de onde ela conhecia a autora, porque ainda não acreditava que era a mesma pessoa.
Chegamos à conclusão de que sim, era a própria... mas ela já faleceu há um ano de uma doença.
Ao mesmo tempo em que fiquei penalizada, achei engraçado o fato de enviar uma mensagem para a falecida... é cômico, de um jeito trágico, mas é!
Por isso, fica evidente que somos o que deixamos em vida: seja dinheiro, conhecimentos, obras que irão ajudar outras pessoas, filhos, enfim, nossas diversas heranças pelo mundo.
A pergunta que não quer calar: ela respondeu a tal mensagem? Ah, isso eu não conto, porque quero deixar uma pontinha de curiosidade. Mas segue minha homenagem e fica a sugestão do livro. Claro que a professora dona do livro vai guardá-lo com um afinco ainda maior, pois tem uma dedicatória.
E eu? Bem, vou sugar tudo de bom que o livro traz e na próxima postagem publicarei o resumo. Mundo pequeno esse Facebook, não é?😉
Neyde Rostyn
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