A praia do paulistano
A expressão “o shopping é a praia dos paulistanos” é bem conhecida. Sábado é
certo que milhares de casais de namorados e amigos se encontram lá, pegam um
cineminha, dão um rolê, olham
vitrines e fazem suas refeições naqueles restaurantes que nos levam pelo cheiro
delicioso. Aliás, o “aroma” de praças de alimentações de shoppings é praticamente irresistível.
Aos domingos, as mulheres tiram sua
merecida licença da cozinha (depois de uma semana exaustiva de trabalho) e lá
se vão com a família almoçar.
O mais interessante é que, neste
ano de 2017, tivemos três semanas de feriados seguidos. Eu, como paulistana da
gema, que não fui viajar, fui aonde? Ao shopping,
evidentemente. Na Páscoa, o shopping perto
de casa (em que costumo ir sempre) estava relativamente tranquilo, talvez
porque foi o primeiro da sequência de três feriados e, principalmente, por ser
um feriado em que as famílias almoçam juntas e compartilham os deliciosos ovos
de Páscoa.
No meu caso, a reunião de família
ocorreu na sexta-feira da Paixão de Cristo, estando eu liberada no domingo para
o meu cineminha.
No feriado seguinte, lá vou eu e
meu esposo para nossa “praia”. Parecia final de ano, em que as pessoas ficam
ensandecidas em lojas, olhando, experimentando, comprando. Sim, o vício da
compra é muito presente no nosso cotidiano. Mas vamos confessar: não é bom
demais comprar aquele sapato ou outro objeto de desejo? Novidades sempre nos
atraem.
Tenho a estranha mania de observar
as pessoas. Naquela loucura do shopping, ouvem-se crianças já cansadas,
chorando, sem paciência, querendo suas casas. Nos corredores, as pessoas se
esbarram; nos quiosques, enfrentam filas quilométricas para tomar um sorvete. E
o cinema? Impossível! Mas lá estavam os combatentes, sem arredarem pé das filas
que invadiam as lojas ou chegavam à porta do shopping.
Nesta verdadeira loucura, eu e meu
marido entramos numa loja de sapatos. Eu já havia comprado alguns “mimos” a fim
de me presentear. Afinal, eu mereço! As prestações do cartão chegarão depois,
me arrependerei, e ainda assim farei novamente. Alguém se identifica?
Enquanto meu marido ia pagar o
calçado que ele comprou, me sentei para descansar um pouco daquela verdadeira
“maratona”. Olhei ao meu redor e, no chão, vi um sapato lindo! Admirei-o!
Quando peguei, vi que não daria para comprar, porque era menor do que o meu pé.
Pensei: hoje não estou com sorte! Já tinha procurado dois sapatos em outra loja
e não tinha minha numeração.
No entanto, o que mais me chamou a
atenção é que não era da marca da loja. Dali a pouco, senta-se uma moça muito
simpática ao meu lado e eu pergunto:
- Moça, este sapato é seu?
- Sim. Ela diz.
Fico muito envergonhada e confesso:
- Achei lindo seu sapato e
estranhei que não tinha a marca da loja e também vi que era uma numeração
menor. Me desculpe!
Ela, muito simpática, rindo da
situação, me pergunta:
- Você quer comprar? Eu vendo!
Rimos juntas. Que bom que em dias
como estes, de feriado prolongado, encontramos pessoas mais alegres nas lojas.
Claro que tal alegria pode se transformar em transtorno no momento de pegar a
fila do estacionamento, ou mesmo de sair do shopping.
No entanto, naquele momento de experimentar, de olhar no espelho como ficou, de
escolher outras cores e modelos, é notória a sensação de prazer.
Fiquei pensando que, se o sapato
fosse do meu tamanho, e eu tivesse provado, teria sido ainda mais
constrangedor. Coisas que acontecem na praia dos paulistanos.
Até a próxima
Neyde Rostyn
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