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A DESCULPA OPORTUNISTA OU “MANUAL DE COMO SE LIVRAR DO TELEMARKETING”



Já fui uma operadora de telemarketing: 19 anos, sem experiência comprovada em carteira, precisando trabalhar, sim, lá fui eu! Acreditem, é constrangedor. É constrangedor oferecer seguro de vida no cartão de crédito em plena sexta-feira às 20 horas ou em pleno sábado pela manhã.
Percebemos e sabemos quando estamos incomodando. Por vezes, somos maltratados, ouvindo um sonoro “NÃO QUERO” dito assim, claramente. Mas estamos ali para isso, afinal, se fosse fácil, as empresas não terceirizariam esse tipo de serviço, elas mesmas o fariam. Ao menos esse foi o discurso durante o treinamento.
Bem, pensando por esse lado e também no fato de que há um ser humano, cidadão e trabalhador do outro lado da linha, fica mais difícil despachar a ligação de maneira grosseira. Ao menos para mim, que já fui a “invasora de lares”.
Outro dia, eu estava saindo do meu apartamento, e tenho uma vizinha que fala suuuper alto ao telefone. Mora sozinha e, em prédios, você escuta muitas coisas sem querer.
Achei engraçado porque ela disse assim: “Quem quer falar com ela? Olha, ela não está, quer deixar recado?”. Gente, eu estava no hall esperando o elevador, não tinha como não ouvir. Ri sozinha, me lembrando de quantas vezes ouvi a mesma desculpa quando ligava para os clientes. Sim, nós sabíamos que eram eles que estavam falando, mas davam essa desculpa.
Eu já fiz isso! Acho que muitos vão se identificar. Essa é uma maneira fina de se desvencilhar de argumentos e mais argumentos dos benefícios infinitos que teríamos ao adquirir determinado produto.
Certa vez, quando eu ainda trabalhava como operadora de telemarketing, liguei para uma cliente e um homem atendeu e disse: “no momento, ela está fazendo sexo e não pode atender”. Eu fiquei tão desconcertada, sem saber o que dizer que piorei ainda mais a minha situação e disse: - “então posso ligar amanhã neste mesmo horário?”. A voz do outro lado, sem o menor constrangimento, disse: - “ela é bem metódica, amanhã também estará fazendo sexo neste mesmo horário”. Agradeci, educadamente, desliguei e fiquei pensando no que tinha acabado de ouvir... e de dizer!
O fato é que tanto quem recebe a ligação é pego de surpresa quanto quem liga, ao receber respostas inusitadas. Creio que a febre do telemarketing tenha se amenizado, pois hoje há leis que protegem aqueles que não desejam receber tais ligações.
Diante disso, as empresas passaram a investir em mensagens gravadas e, caso o cliente tenha interesse, ele disca um determinado número e somente então é direcionado ao atendente. Outro dia, recebi uma ligação da funerária... não, não pretendo morrer agora e muito menos pensar no assunto. Apesar de que, na vida, a única certeza que temos é a de que iremos morrer. Ao menos era esse o argumento utilizado por um colega atendente que já vendeu planos de assistência funerária.
Sejamos, então, educados com estes trabalhadores e busquemos nossas táticas de nos desvencilharmos delicadamente de suas investidas. Afinal, a vida deles não é fácil, mas também queremos paz. Na dúvida do número que aparece no identificador, simplesmente não atenda. Se for algo importante, a pessoa vai retornar. Um operador de telemarketing é orientado a não ligar duas vezes para um número que não atende, pois ele precisa otimizar o tempo. Pensem nestas dicas e, se ainda assim, forem “apanhados”, digam gentilmente que não tem interesse, repetidas vezes, sem se alterar... eles irão entender.

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