A
nossa casa precisa de manutenção. Aquela gambiarra pode gerar um prejuízo muito
maior ou, como diz o ditado popular, “o barato sai caro”. Pra nós (eu e meu
marido) saiu mesmo. Alguns meses após o casamento, a porta de entrada do nosso
apartamento, daquelas bem baratas e nada duradouras, começou a dar problema na
maçaneta.
Certo,
meu marido colocou um prego de emergência, e esquecemos do assunto. Aquela era
uma “tragédia anunciada”. Dito e feito. Certo dia, voltei do trabalho e o marido
estava na faculdade. Quando coloquei a chave e girei, a porta não abria.
Simplesmente não abria. O que fazer? Doida pra ir ao banheiro, tomar um banho,
comer, chegar em casa de verdade e nada. Ouvi, na primeira tentativa, o barulho
do prego caindo. E o autor da gambiarra só ia chegar à meia-noite!
Bom,
sem saber como agir, chamei meu irmão que mora no mesmo condomínio, o “Ursulão”
da família. O apelido “Ursulão” refere-se àquele desenho antigo que o pai do
Ursulino decide consertar tudo na casa e acaba destruindo ainda mais. Meu irmão
tem seus talentos, é verdade, mas nem sempre sai como o esperado.
Eu
não tinha carro, não tinha crédito no celular para chamar um chaveiro, nem
sequer internet no celular eu tinha! Meu irmão veio com suas chaves de fenda,
olhou, mexeu, olhou novamente e disse: “não tem jeito, tem que arrombar”.
Bom,
eu concordei, não tinha outra alternativa. Fiquei impressionada como a porta
cedeu, essas portas são de papelão, de péssima qualidade. Constatei, afinal,
que estava ruim com ela, mas muito pior sem ela!
Passamos
umas duas semanas com aquela porta arrombada. A vizinha de porta, certo dia,
comentou lá fora: “Nossa, o que aconteceu
com a porta? Será que tentaram entrar?”. Quem viu o estado em que ela
ficou, certamente imaginou que meu marido era violento ou que houve alguma
tentativa de meliantes para entrar no apartamento.
Na
semana em que aconteceu isso, numa sexta-feira de madrugada, ladrões tentaram
roubar a empresa ao lado do nosso condomínio e pularam para a nossa área externa.
Entraram nos halls das três torres e houve tiroteio com a polícia. Um grande
susto para todos, afinal, quem pensaria que isso poderia ocorrer?
O
pior, no entanto, foi depois. Os policiais subiram em todos os apartamentos, e
adivinhem: quando chegaram ao nosso e viram aquela porta arrombada, logo
pensaram que os ladrões entraram. Foram gentis, tocaram a campainha e abrimos,
mas logo perguntaram da porta. Contamos a história, mas acho que não convenceu
muito.
A
gambiarra da porta não custou só este mico, mas também tivemos que comprar uma
porta nova. Claro, compramos uma mais moderna e do jeito que queríamos, mas não
deixo de me divertir quando lembro dessa história, principalmente da cara de
desconfiança dos policiais. Imaginem, se tivéssemos que parar na delegacia. Às
vezes, até explicar que focinho de porco não é tomada pode levar tempo. Mas que
foi hilário, ah, isso foi!
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