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Era um ET, eu juro!

 


Era um ET, eu juro!

 

Eu nasci e cresci nos anos 80. Bons tempos, em que não se tinha os recursos tecnológicos da atualidade, mas que deixaram saudades. Pra ser bem específica, me recordo do meu pai, que era um cara criativo, que sempre brincava conosco e inventava algo diferente pra fazer.

A luta contra o tédio já existia pois o entretenimento era escasso. As pessoas procuravam hobbies, atividades com as quais pudessem se envolver, se divertir e conviver e, diga-se de passagem, eram muito criativas. Assim, há muitas histórias sobre os “hobbies” do meu pai.

Um, particularmente, me causava preocupação, curiosidade, fascinação e até medo. De vez em quando, meu pai se reunia com alguns amigos para estudar e falar sobre Ufologia. Eu explico: são estudos sobre fenômenos relacionados a discos voadores. Não é um estudo científico, pois não tem comprovação. Mas há muitos ufólogos pelo mundo, buscando evidências que comprovem suas teorias.

Meu pai e seus amigos montaram uma espécie de “clube de ufologia”. Por que “Clube”? Ah, as pessoas se reuniam presencialmente, mas também colocavam anúncios em revistas e jornais, para se corresponder por cartas.

Era muito comum, um hobby bastante diferente, você montar um clube, ter uma sede, ter um brasão, ter um estatuto e se corresponder com pessoas de outros lugares do mundo. Meu pai criava os brasões, pintava as camisetas, fazia a parte artística da coisa. E lá se iam horas de diversão.

Pode até não parecer, mas tem muita gente nesse mundo interessada em óvnis, discos voadores, extraterrestres e assuntos afins. Meu pai trazia aquele material de “estudo e pesquisa”, que levava horas de seu tempo e dos membros do clube.

O fato é que, certa vez, eu peguei uma das revistas e vi uma reportagem sobre “Possíveis mutilações em animais feitas por extraterrestres”. Ao ler aquilo, pensei: e se um desses carinhas vier aqui na minha casa, à noite, e me abduzir? E se eles decidirem me sequestrar e me mutilar, o que vai ser de mim? Coitadas das vaquinhas! Foram mutiladas e os cortes não tinham sangue. Um forte indício da ação destes ETs!

Aquilo me impressionou tanto que, durante as noites eu já não saia do meu quarto pra tomar água. Morávamos em um sobrado e, imaginem, pra tomar água eu tinha que acessar o andar de baixo. Ah, até parece, vai que um E.T está lá, esperando a hora de dar o bote?

Esse medo durou até o dia em que meu pai, sentado no sofá, me pediu: “Neyde, vá até a cozinha e pegue o sorvete pra nós”. Nós sempre tínhamos uma sobremesa noturna, a ser saboreada após o jantar.

Meu pai já tinha percebido que eu evitava pegar as coisas quando não havia ninguém no ambiente. Ele fez de propósito e, de maneira incisiva, ele me questionou sobre o que estava acontecendo.

Não teve jeito, tive que abrir o jogo e contar sobre aquele pavor das mutilações de extraterrestres e que qualquer um de nós poderia ser o próximo. Ele deu muita risada, falou pra eu não pirar com essas coisas e que eram só hipóteses. Mas, se eram só hipóteses, por que tantas horas de estudos e reuniões?

De um jeito nada delicado (como era o jeito do meu pai, evidente!) ele explicou que aquilo era apenas um hobby, um passatempo, uma curiosidade daquele grupo de amigos que gostava de se corresponder com pessoas de outros lugares.

Hoje, talvez meu pai me desse uma explicação mais didática, sobre as redes sociais e grupos que utilizamos em nosso cotidiano. Levou um tempo para que eu me convencesse. Acho que até hoje permanece uma magia sobre esse assunto, como aliás acontece em relação a coisas que desconhecemos. Por via das dúvidas, evitemos uma caminhada solitária na noite escura.

 


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